Alvarenga
A norte de Portugal, a cerca de 300 Km de Lisboa, a 80 do Porto, quer de Lamego quer de Viseu, fica a acolhedora terra, de sua graça, Alvarenga.
A Nossa História
Área: 38,8 km2 População em (2011) 1223 Hab.
Até ao séc. XVII, o Concelho de Alvarenga além da actual freguesia, compreendia ainda os lugares de Canelas de Baixo e Canelas de Cima que passaram a constituir a actual freguesia de S. Miguel de Canelas, e o lugar de Janarde, que é a actual freguesia de S. Barnabé de Janarde.
Enquanto foi Concelho, Alvarenga teve Juiz Ordinário com os seus escrivães, vereadores e mais oficiais de justiça. Tinha na companhia de ordenanças com o seu Capitão, alferes, ajudantes e um capitão-mor.
A Este do lugar chamado “Vila da Igreja” e hoje simplesmente “Vila” encontra-se a Igreja da freguesia, edifício com valor artístico e arquitectónico. Os primeiros padroeiros desta Igreja foram os cónegos regrantes de Sto Agostinho (Cruzios), depois passou este padroado para os Jesuítas e por fim, em 1799, para a Universidade de Coimbra. Esta Igreja até 1834 apresentava aos reitores 150 mil reis de rendimentos.
O Concelho de Alvarenga foi suprimido a 6 de Novembro de 1886 por decreto de D. Pedro V, passando a vila e posteriormente baixou à categoria de aldeia, freguesia de Arouca, distrito de Aveiro. Todo o Concelho de Alvarenga pertenceu à diocese de Lamego, bem como o antigo Concelho de Arouca, mas através da convenção de 1882, o rio Paiva divide as duas dioceses de Porto e Lamego, ficando Lamego com Alvarenga e o Porto com Canelas e Janarde.
A freguesia compunha-se até a separação de Canelas e Janarde de 34 lugares:
Toiral, Gamarão, Mealha, Pardelhas, Vilarinho, Carvoeiro, Tolhe, Silveira, Povoas, Meitriz, Sobral, Vilar de Servos, Cabanas Longras, Paradinha, Chieira, Vila da Igreja, Carvalhais, Chã, Lourido, Bouças, Donim, Noninha, Bustelo, Carreiros, Granja, Vila Nova, Vila Galega, Várzeas, Casais, Quintela e Trancoso. Depois a freguesia desmembrou-se e os lugares referidos deixaram de lhe pertencer.
Alvarenga até ao início do séc. XX era uma freguesia tradicionalmente rica; rica em vários tipos de frutos, exportava muito milho, vinho verde, óptimo mel, cera, azeite e outros artigos.
Mas algo vai mudar em 1914/18 com o Volfrâmio. Nesse primeiro período de grande exploração deste minério havia grande abundância, fazendo-se até muros com pedras de Volfrâmio. Foi feita concessão a várias Companhias: a mina Cerdeira a Ingleses; a mina do Pereiro e da Espinheira ao Conde de Paiva e as minas do Casal do Moledo, da Travessa e da Gola a outras companhias.
No fim de 1918 houve uma decadência na actividade das minas e em 1935/36 as Companhias renunciaram à exploração do Volfrâmio em Alvarenga.
No início da década de 40 aumentou novamente a exploração do minério e a parte baixa da freguesia transformou-se numa extensa zona mineira substituindo assim a anterior paisagem agrícola. Procedeu-se então à exploração do minério em terras particulares, sendo as galerias de novo entregues, por concessão, a companhias. Atingiu-se então o período máximo da exploração em 1941. Em 9 de Maio de 1942 um acontecimento marca toda a exploração de minério em Alvarenga, há um tiroteio entre a polícia e os populares. A polícia veio defender uns determinados indivíduos que vinham buscar o minério a Alvarenga, para posterior embarque num porto do litoral, sem o pagamento justo e devido aos pequenos proprietários mineiros.
Como esses indivíduos não conseguiram que os donos do minério o entregassem de livre vontade, a polícia encarregou-se da sua apreensão que afectou principalmente as companhias, pois os pequenos proprietários conseguiram esconder algum minério.
Dos confrontos armados que se verificaram, há a lamentar a morte, em 9 de Maio de 1942 de um rapaz de 15 anos. A polícia politica de então (PIDE) perseguiu algumas pessoas de Alvarenga, aliás inocentes, ainda durante alguns anos, tendo uma delas sido perseguida durante 20 anos.
No início da exploração do minério houve um fluxo migratório de terras vizinhas (Tarouquela, Cinfães, Marco de Canavezes, etc.) para Alvarenga.
Depois da decadência da exploração em 1950/56 verificou-se um fluxo em sentido contrário dando origem à emigração de muitos naturais ou residentes desta terra, principalmente para o Brasil, devido a não haver meios de subsistência nesta freguesia. As pessoas que aqui ficaram ocuparam-se na agricultura. A população diminuiu com a emigração e a agricultura volta a ser de novo e até aos nossos dias a actividade principal.
Alvarenga é uma freguesia portuguesa do município de Arouca, localizada na sub-região da Área Metropolitana do Porto, na região do Norte, com 38,77 km² de área e 1057 habitantes (censo de 2021). A sua densidade populacional é 27,3 hab./km².
Alvarenga surpreende os visitantes com a suavidade dos seus terrenos em contraste com o vale profundo do Paiva e as serranias que a circundam. O seu solo é muito fértil e permite a existência de grandes terrenos que são rodeados de vides e choupos. Os socalcos separam leiras onde podem ser visíveis árvores de fruto vizinhas de sementeiras de cereais, leguminosas, etc. A principal actividade do povo de Alvarenga é a agricultura.
A agricultura de Alvarenga tarda em avançar com um rumo de desenvolvimento de mecanização agrícola e de escoamento de produtos. A freguesia encontra-se nesta situação devido à falta de apoio aos agricultores mais desfavorecidos que vêem por um lado a mão-de-obra a rarear e por outro, a que ainda existe a pedir o aumento constante dos salários, num evidente desequilíbrio com o rendimento dos produtos agrícolas a aumentarem por falta de escoamento para o exterior.
O Paiva é o rio que abastece Alvarenga, reconhecido mundialmente como um dos poucos rios não poluídos da Europa. Além deste rio, a freguesia é atravessada por diversos ribeiros, sendo os principais, o Abesseda – a sul de Trancoso, e o Gola que se reúnem quase ao fundo do vale para formar o ribeiro da Chieira ou Aguieiras, o qual se despenha no rio Paiva. Para além dos três ribeiros, a freguesia é ainda cortada por vários Arroios que regam e fertilizam os seus prados, hortas, pomares, campos de cultivo e arvoredos.
O bonito vale de Alvarenga é por todos os lados cercado de montes dos quais pode desfrutar de belas paisagens que regalam os olhos com seus numerosos lugares situados entre verdes campos e frondosos arvoredos.